20/12/07

Poemas de Natal

Quando estamos atravessando esta época tão bonita do Natal, reuni alguns poemas sobre o Natal, escritos por alguns dos nossos poetas. Espero que gostem.

Natal

Nasce mais uma vez,
Menino Deus! Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.

Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.

Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.

Miguel Torga


O meu Natal

A noite de Natal. Em meu País, agora,
O que não vai até romper o dia, a aurora!
As mesas de jantar na cidade e na aldeia
à luz das velas, ou à luz duma candeia,
entre risadas de crianças e cristais
(de que me chegam até mim só ais, só ais!).
Dois milhões de almas e outros tantos corações,
pondo de parte ódios, torturas, aflições,
que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:
são todas em redor de uma toalha de linho!

António Nobre

Natal
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Com a família é verdade!
Meu pensamento é profundo
´Stou só e sonho saudade

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Fernando Pessoa

O Presépio

Duas tábuas...
E era um berço!

Estaria Deus lá dentro?

Tudo escuro...
E alumiava!

Fomos a ver...
E lá estava.

Pedro Homem de Melo

2 comentários:

  1. Muito bonitos. Cada qual no seu género e o mesmo tema...
    Os poetas conseguem o milagre de dizer por poucas palavras aquilo que nos parece tão difícil de exprimir.

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  2. Sim. O que disse sobre os poetas é verdade.
    Ser poeta é voar mais alto...

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