23/12/10

Poesia de Natal

Nesta época mágica do Natal as pessoas as cidades e a Natureza se transformam. Umas sentem que é tempo de serem mais tolerantes e solidárias, as cidades se tornam mais bonitas, com iluminação condizente, a natureza cumpre o calendário,que aqui é Inverno, e a neve cai nas cidades, vilas e aldeias.

E eu tive vontade de transcrever dois poemas dos nossos poetas, um deles, de Natal e outro que não sendo, é de uma beleza única.

A Noite de Natal

Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

- Deu-lhes sim, muitos bonitos.
- Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.

Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916).

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza,
e cai no meu coração.

Augusto Gil (1873 - 1929)


Desejo a todos, um Feliz Natal e um Ano Novo com tudo de bom.

7 comentários:

  1. Oi Joseph!

    Lindas poesias natalinas! Adorei!
    E o blog ressurgiu das cinzas.....rssss

    Bjs e feliz natal!
    Vera

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  2. Olá Vera,

    Algo bateu leve, levemente, como quem chama por mim.Inspiração não foi, certamente...rss.

    Espero que esteja passando um Natal alegre e com muitos presentes!
    Bjs natalícios (como se diz aqui)

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  3. Olá amigo José,

    Feliz Natal!
    Como é bom vê-lo novamente por aqui, que o Menino Jesus abençôe você e sua família, e que 2011 seja repleto de sucesso!

    Grande abraço.

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  4. Olá Iúri,

    Meu bom amigo, só hoje voltei a utilizar o computador e ver o seu comentário.

    Espero que o seu Natal tenha sido muito bom e desejo que este ano de 2011 seja portador de grandes alegrias, para si e sua família.

    Será que vou conseguir escrever mais, aqui no blogue? Vou tentar.

    Um grande abraço.

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  5. Ahhhh, consegue sim. Ano novo, vida nova, idéias novas! Eu começaria com a faxina de início de ano, jogando papelada fora, etc. Olha aí a dica, só falta desenvolver o tema.....rss
    Entramos em outra década.

    Bjs

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  6. Olá Vera,

    Aí está um bom tema, até porque é o que faço sempre quando um ano acaba. Uma boa faxina da imensa papelada produzida, cujo prazo me permite eliminá-los.

    Logo que possa escreverei algo sobre esse assunto.

    Obrigado pelo seu incitamento e pela sua visita.

    Um abraço.

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