20/01/10

Criatividade Sim Mas Com Limites!

Neste tempo em que as pessoas se esforçam por retomar hábitos de poupança, procurando gastar o menos possível, eu lembrei-me do Mário Jorge, que já não vejo há uns quinze anos.

Nessa altura ele ja teria 40 anos e era conhecido entre os amigos por ser um especialista na arte de poupar. Mas o que o fez ganhar essa fama não foi propriamente ele gostar de fazer economias, mas sim os métodos que utilizava.

Ficaram célebres algumas atitudes que ele tomava, porque tinham sempre a mesma característica: Tirar o melhor proveito possível da situação.

Ficaram registadas na memória de quantos conviveram com ele, algumas anedotas a propósito da sua maneira de se aproveitar das situações.

Lembro-me (porque isto virou anedota), de quando ele quis ajudar o Germano que andava muito deprimido. Comprou um livro de Auto-Ajuda para supostamente oferecer ao rapaz em crise. Escreveu no livro uma simpática dedicatória, onde exortava o doente a conviver com os amigos e garantia que aquele livro iria ajudá-lo.Terminava a dedicatória com uma frase do tipo:Deseja-te rápidas melhoras, o amigo atento, Mário Jorge.

De posse do livro,telefonou ao "felizardo" e convenceu-o (com dificuldade)a sair de casa e ir tomar um copo com ele, que só lhe faria bem espairecer.

No Café onde se encontraram, mandou servir um lanche para cada um, e conversaram sobre os males que andavam a afligir o amigo.

Dias depois, o Germano contava-me que o Mário lhe entregou o livro, ele leu a dedicatória, e quando ia agradecer, o Mário Jorge disse-lhe: Não me agradeças, porque quem vai pagar o livro és tu,é que eu não estou nadando em dinheiro. E se quiseres ser simpático com quem te quer ajudar, paga também os lanches. Depois conta-me se gostaste do livro.

O Germano ficou tão indignado com esta cena, que nunca chegou a ler o livro.

Conta-se também que quando ele mudou de casa, convidou alguns casais amigos para a inauguração da sua nova morada. Pediu-lhes que fossem ter ao antigo apartamento dele e depois seguiriam todos juntos para a casa a inaugurar.

Estaria tudo bem se ele, sem qualquer aviso prévio, não tivesse enchido os automóveis dos convidados com o que faltava transportar para concluir a mudança.

Mas até seria tolerável se ele e a sua mulher não tivessem posto os amigos, a arrumar nos lugares definitivos tudo (ou quase tudo) o que já havia sido transportado.

Só depois teve lugar a inauguração. Uns artigos de confeitaria servidos em pratos de papel e as bebidas em copos de plástico. A inauguração acabou de madrugada, e os convidados deixaram a casa impecavelmente arrumada.

Parece que era um hábito dele quando dava uma festa,os convidados eram “estimulados” a deixar a casa toda arrumadinha.Portanto a maioria já habituada.

Eu nunca fiz parte do círculo de amigos do Mário Jorge, daí que nunca tenha participado nessas iniciativas. Mas conheci alguns dos que participaram naquela “criativa” inauguração.

Ele não era elogiado pelo modo muito próprio de utilizar a seu favor o “voluntariado” de quem apanhava a jeito. Mas havia unanimidade quando se falava da enorme imaginação do Mário Jorge.

Eu não simpatizava com aquela maneira de “ajudar” os outros, ou de “obrigar” os amigos a ajudá-lo. Mas se calhar ele é que tinha razão: os amigos são para as ocasiões.Não é assim?

Até à próxima

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