30/06/07

Alguns Antigos Pregões da Cidade do Porto

Os pregões do Porto, antigos e já quase todos desaparecidos, davam um sabor popular e musical à cidade. Aqui vão alguns: O das vareiras que apregoavam a sardinha com o habitual «dagora biba!» ou «faneca da linha!».


Das hortaliceiras era: «quem quer pencas ó trinchudas! Merca nabiças ó alhos!».
Outro pregão que se ouvia logo de manhã, era o das galinheiras, que anunciavam assim: «Merca galinhas ó frangos!»


Pela tarde surgiam as vendedeiras de artigos de madeira, apregoados assim: «Ióóórca gamelas, banquinhos, cadeiras, apanhadores, tabuleiras, ó caixões de labááár!».


Havia, ainda, os vendedores de louça de folha, cujo pregão era: «barat´folha! Louça de folha bárát...», (o t mal se ouvia).


E os compradores de ferro velho, cujo pregão era: «quem tem por´i metal, zinco ó chumbo, fatos p´ra vender, calçado velho (suspensão e, depois, num grito forte): Ferro-velho!».


Havia os amoladores de tesouras e navalhas. Tocavam uma gaita com vários sons e diziam: «amolador de tisoiras ó nabalhas! Compor louça ó garda-sóis! Louça fina p´ra compor! Deita gatos!»


Havia um outro pregão, também já desaparecido. «Ióórque munha!» Isto explica-se: De vez em quando, surgia uma mulher a vender produto destinado a encher travesseiros. A «munha» era moínha, isto é, fragmentos de palha que ficavam nas eiras depois da debulha dos cereais.


De manhã, aí por volta das 10 horas, um dos pregões que se ouvia, era o das padeiras que tinham excesso de pão para vender. Então anunciavam: «quem quer pão três im binticinco!» Estes «Binticinco» representavam 25 réis: Cada pão (o molete) custava 10 réis. Três pães seriam 30 réis. Para não ficar com o pão nas canastras, as padeiras vendiam cada três por menos cinco réis do que o seu preço normal.



Hábitos antigos e pitorescos. Agora só no supermercado. «Mudam-se os tempos mudam-se as vontades»
JP



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